

Esse figurino lhe parece familiar? Sutiã, cinturão, mangas? Pode até servir como modelito para a Dança do Ventre, digamos que... para as dançarinas que têm um gosto mais exótico. Contudo a questão que quero pensar aqui, se coloca no trânsito cultural que perpassa por áreas visivelmente distintas (A quem serve? ). Onde a figura erotizada da mulher é o assunto a ser privilegiado. E para isso não tem território particular e nem tão pouco direito de imagem como uma reserva de mercado. Tanto faz ser Miss Rodeio de Jaguariuna, Xena, Dançarina do Ventre ou Dançarina de Forró.
O passaporte em questão é "o corpicho e seu figurino" a serviço de... (podem completar com suas observações) e ponto final. Uma das hipóteses por mim levantada, se estrutura na necessidade de alimentar o mercado com as fantasias femininas que permeiam inicialmente o imaginário masculino: um corpo feminino que serve tanto a figura da dodalisca como também da "Cavaleira do Zodíaco" e que rememora a figura de Xena. Seria um CORPO MUTANTE?
Só falta agora a Miss Jaguariuna nos surpreender dançando um clássico da Dança do Ventre. Ou o mais habitual: a dançarina do ventre reduzir-se a um figurino exótico e garantir-se como uma fantasia masculina. Tornando-se cada vez mais uma tipologia corporal vendável: mutante (a serviço de muitas intenções) sem deixar de ser gostosa.
O que implica numa responsabilidade enorme para quem faz parte do campo da dança do ventre, ou seja, a responsabilidade de descolar-se cada vez mais dessas tipologias mercadológicas e comprometer-se com o objeto em questão: A DANÇA!!!!! A questão aqui imposta passa pela reflexão das escolhas feitas: dança? figurino? tipologia construída? A quem estou servindo? Justamente para que o trânsito entre essa topografia distinta (Oriente, Sertanejo e Mitologia Grega) não se sustente apenas na qualidade do figurino/embalagem do produto-corpo a ser vendido.
E que me leva a pensar em uma cena artística pouco habitual: uma dançarina do ventre se apresentando com um figurino muito simples. Será que assim deixaria de ser refém de uma embalagem? E o público começaria a prestar atenção ao que interessa? Ou os regimes de visibilidade já estão tão contaminados com estes ditames do mercado?
Para se pensar...
FOTOS:
1) Miss Jaguariuna-SP
2) XENA