terça-feira, 29 de junho de 2010

O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?


Desde que entrei num Programa de Pós-Graduação em Comunicação, digamos que... passei a ser mais crítica quanto a forma em que a mídia divulga uma informação. Perceber que discurso ideológico está por trás de uma ingênua propaganda, por exemplo. Que de ingênua, não tem nada. Se configura mesmo, como um dispositivo de captura das nossas ações, desejos e modos de ser no mundo.

É incrível perceber o modo como o campo da publicidade e propaganda tem investido pesado nas emoções do seu público-alvo. Pois, através dos estudos avançados da NEUROCIÊNCIA, se tornou incontestável a participação das emoções nas tomadas de decisão. Antes, vista como o lado "não confiável" do ser humano, hoje, as sensações sensoriais e as emoções, são necessárias para os processos de cognição. Pois não existe NADA no corpo que não passe pelo sensório-motor. Até mesmo a decisão mais RACIONAL do mundo.

Assim... vocês devem concordar comigo, no modo como o formato das propagandas hoje investem na captura da nossa subjetividade. Desde a propaganda de uma marca de margarina, de um carro, até... de supermercado.

Eu, que sou a pessoa, mais BLINDADA no que se refere aquele objeto de quatro rodas.... Ahhh, automóvel!!!! Sem desejos consumistas (do tipo: qual o carro dos seus sonhos?) e impossível de memorizar uma marca, indústria automobilística, etc. Devo confessar, que fui capturada por uma dessas últimas propagandas de carro vinculadas na TV. Sabe aquela em que o pai leva a filha para o casamento? E que ao final, ele confessa que emprestou o carro da filha? Sim... Pois, pois... eu chorei! Fiz de imediato a associação com meu pai e me detetive na propaganda, sendo capturada pela lembrança paterna. Caso contrário, seria mais uma propaganda deletada no controle remoto. Afinal, carro não faz parte da minha lista de sonhos.

E desde modo, somos capturados sem perceber.... ou mesmo percebendo.

De modo próximo... sem choro, claro, devo dizer o mesmo da propaganda de uma rede de supermercado, que lança a seguinte pergunta: O QUE FAZ VOCÊ FELIZ? Que, aqui, parabenizo pela inteligente associação de felicidade, consumo e a rede referida.

Pergunta ou dispositivo de poder (?) imposto de uma forma tão sútil, cantada na voz do nosso ex ministro Gilberto Gil, que embala os nossos desejos mais consumistas. Desde um sorvete a uma marca de shampoo ou até mesmo uma pitza "emborrachada" embalada em uma caixa de papel colorida. Tanto que ao final da propaganda, entre memórias de infância, desejos intímos, projeções futuras... Olha lá você, transportada para o SUPERMERCADO, se imaginando dando uma voltinha para satisfazer uma "felicidade imediata".

Entretanto, hoje fiz um exercício contrário. Ao invés de dar uma voltinha no "super", preferi me fazer essa pergunta como um CONTRA-DISPOSITIVO do consumo. E fiquei pensando: o que me faz feliz??!!!!!

Estou com ela, ecoando em meu "corpicho". Tanto que já escrevi várias respostas. Também apaguei. Assim como, pensei que a noção de felicidade é totalmente co-dependente do nosso campo de percepção. Ou seja, a noção de felicidade se transforma. E sendo transitória, relaciona-se ao campo de informações que compõe a nossa vida em determinado momento.

Então vamos lá... vamos a listinha, sem pensar em hierarquias:

O QUE FAZ VOCÊ FELIZ? (ecoando na voz de Gilberto Gil)

- Sentir minha filha chutando dentro da barriga,

-Dançar, sempre...

-Ouvir música árabe, evangélica, blues, MPB, etc.

-Ouvir Roberto Carlos no maior volume fazendo a faxina na casa;

-Dormir abraçada com meu marido;

- Estar em família,

- Ver o mar na orla da barra, descendo o Cristo...

- Andar descalça,

- Comer acarajé com camarão,

- Ler um bom livro,

- Ouvir Helena Katz falar (em aulas, em seminários, etc.)

- Tomar banho,

- Conversar com amigos e colocar a "fofoca" em dia,

- Colo de mãe,

- Louvar a Deus,

- Dar aula de Dança (prática - teórica),
- Fazer justiça,

- Estender a mão ao próximo (coletivo que fazemos parte),

- Escrever,

- Fazer uma comidinha para o maridão, ser uma amélia, confesso!

- Uma boa aula de pilates,

- Dançar em volta de uma fogueira,

- Amar e ser amada,

- Conviver com meus bichos (Pandora e Quito),
- Receber do marido massagem nos pés,

- Saber que a vida/felicidade é feita de coisas simples....


E VOCÊ???

3 comentários:

  1. ADOREI, Márcia!!! Penso que felicidade é um estado de espírito que eu tento manter em todas as situações para que minha felicidade não esteja fora de mim. Mas é claro que a vida é feita de alegrias e aqueles que têm o dom de se alegrar nas pequenas coisas vão ter mais facilidade de manter esse estado de espírito de felicidade plena onde parece que tudo vai dar certo (e vai dar mesmo, pois tudo está sempre certo)! Beijos pra essa barriguda linda!

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  2. Nossa... vamos lá:
    1. Bolo de chocolate com café
    2. Cafuné do marido
    3. A casa limpa, arrumada e cheirosa
    4. Dançar
    5. Forró + bolo de aimpim + cheiro de pólvora + fogeuira
    6. Estar com minhas amigas
    7. Colo do marido
    8. Brincar com Cindy
    9. Trabalhar com prazer
    10. Ajudar alguém
    11. Comida de mãe
    12. Ver meus queridos felizes
    13. Viajar
    14. Ler um livro gostoso
    15. Escutar música no carro
    16. Olhar o mar
    17. Saber que há esperanças para melhorarmos o mundo...

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  3. Marcinha,
    Nessa visita ao seu blog pude ver que temos muitas coisas em comum.............como: acarajé (com pimenta) e camarão,ouvir Helena Katz, dar aula de Dança (prática - teórica),olhar para meus pais juntos de mim,amar e ser amada..........
    mas acho que nesse momento atual minha felicidade é minha filha!

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