sábado, 15 de maio de 2010

OUTRA PROPOSTA DE ENGAJAMENTO...


No Doutorado tenho tido a chance de rever o conceito de ideologia na atual fase do capitalismo. E ao contrário de uma lógica do "mártir" e seus mecanismos suicidas de desarticulação do poder vigente, aqui proponho pensar em uma outra forma de engajamento. Uma recolocação cotidiana, com uma prática de libertação desse cinismo que nos acomete, seja camuflado por um anestesiamento e/ou pela corporificação do discurso que se anuncia, mais ou menos, assim: "é assim mesmo, não tem o que fazer". Restando-nos viver dentro de uma lógica perversa, de que só que é possível, tentar se dar bem!!! Afinal, por onde andam os hérois e mártires, exceto na construção espetacular da mídia?
Assim, para prosseguir nesse "beco quase sem saída", resistindo frente a um matilha de cães/dispositivos famintos... Apresento a lógica de resistência proposta por Terry Eagleton em seu texto - O discurso e Ideologia, encaminhada ontem em sala de aula, na fala de Helena Katz:
"... não é porque a resistência é modesta, que ela é insuficiente. Hoje só é possível fazer insubordinações modestas e locais. Não se pode imaginar que é possível desarticular um discurso ideológico, e que é só eficiente assim"
Então, meu povo... seja na forma de um texto, de um desejo de verdade, do uso de uma mídia (blog) como possibilidade de reflexão (viu, vivi?), de escolhas cotidianas, a exemplo, dos filmes que vamos assistir, se vamos reciclar o lixo ou não, entre tantas outras coisas, estão pequenas ações de resistência a falta do comprometimento proclamado, presente de forma não aparente, em vários discursos de poder. DESCOMPROMETIMENTO CÍNICO que cotidianamente atravessa nossos corpos.
A coisa é tão séria que passa batido...
É preciso recuperar a indignação como ignição para uma ação de resistência, ainda que seja modesta. Mas que é possivel fazer. Entenda resistência deslocada do seu figurino habitual. A resistência que é possível hoje, pode não ser mais travestida na forma de greves ou na negação de algo. A exemplo das pessoas que optam pelo não uso do celular, como um repúdio as novas tecnologias. A negação aqui , é uma forma de resistência/insubordinação que fecha a porta de discussão. Que ao meu ver, só causa ruído. O que precisamos é de insubordinações que reproponham novos usos e mudanças de atitude frente ao outro e a vida em coletivo.
A começar por uma possibilidade de ver o que está por trás de um dicurso. E assim, recuperar um pouco do senso crítico e da possibilidade de engajamentos outros.
Hoje pela manhã, eu passei por uma situação bem pessoal. A minha resistência se fez na forma da verdade, do esclarecimento dos fatos, a única possibilidade de "libertação de crenças letais" (usando Eagleton). Verdade que se torna insubordinação diante de um mundo manipulado por discursos e pelo comportamento de querer se dar bem as custas do outro.
Quando poderia pensar que valores como a verdade, a ética, o comprometimento com sua trajetória de vida pessoal e escolhas profissionais ( nesse caso específico, campo da dança), poderiam ser entedidos como insubordinações? Quando de fato, seriam valores naturais do ser vivente. Escrevo ser vivente, porque além dos humanos, muitos animais têm manifestações éticas, comprometimentos com a vida e com sua espécie.

É povo...
Aqui fica o meu desejo de verdade, foucaltianamente falando, como exercício de insubordinação a esse mundo de faz de conta, onde as fofocas/"crenças letais" banalizam as ações, ou melhor "ralações" nossas de cada dia.
Enfim... prefiro continuar na minha trilha modesta, resistindo como a gatinha acima.... do que sentar a mesa dos...
Aqui, vocês têm a liberdade de concluir o texto... e repensar que tipo de insubordinações fazem parte do seu repertório de vida!
Beijinhos...

2 comentários:

  1. Enfim... prefiro continuar na minha trilha modesta, resistindo como a gatinha acima.... do que sentar a mesa dos... resignados!

    (e ainda tenho que ouvir que quem escreve sobre dança não faz nada por ela... Como não???????????)

    bjks . Nosso trabalho pode ser de formiguinha, mas é muito necessário!
    Vivi

    ResponderExcluir
  2. Oi meu amor! Acho que a sua maior insubordinação às ideologias postas/impostas é o esclarecimento, é esta oportunidade que vc dá ao outro de refletir, seja no campo da dança, seja na vida diária. É uma insubordinação pelo Amor incondicional, pois não espera retorno. E isto incomoda, aliás deve incomodar mesmo, como o próprio sentido literal da palavra - tirar do cômodo, do rotineiro... obrigado pelas luzes de suas palavras e pela partilha do conhecimento e da informação!!

    ResponderExcluir